CONNECT!

domingo, 16 de julho de 2017

Just singing in the Rain! 26.10.2007

Actualmente chorar fica mal. Chorar em público é desespero. Chorar sozinho indica solidão. Chorar com amigos é estragar bons momentos. Chorar de emoção é ser-se maricas. Para aguns até o simples e natural choro de um bebé incomoda.
É mais visível que a sociedade caminha a passos largos para uma época de «não-sentimentos». Neste momento, é estranho aquele que sente e o demonstra em qualquer lugar a qualquer custo. Aliás, só aqueles que ganham um certo "custo" é que têm a recompensa de poderem mostrar sentimentos ainda que falsos.
Se há alguns séculos os sentimentos ainda classificavam o carácter de uma pessoa, actualmente é a posição social da pessoa ou a forma como é "vista" é que torna os seus sentimentos nobres, dignos ou banais.
Passámos para um extremo, tornámo-nos a escória de nós próprios no que toca a sentimentos.
Se por um lado abrimos a porta a "novos" conceitos como homossexualidade ou swing, por outro lado encostamos essa mesma porta ao tornarmos os conceitos de amar ou mesmo de amigo tão comuns. A sua utilização não está condicionada ao verdadeiro sentimento, aplicamos essas palavras com mais frequência que dizemos a palavra eu. Tenhamos em conta que mais que tudo, numa sociedade com ausência de sentimentos verdadeiros sobretudo por outros, a palavra eu é uma das únicas que nós, analfabetos, temos no nosso vocabulário.
Precisamente por ficar mal chorar ou rir em público demonstrando o que nos vai na alma, e andar menos stressados com um sorriso nos lábios incomoda, é que eu faço questão de soluçar com os olhos vermelhos, soltar gargalhadas sonantes para o ar ou dançar o "Singing in the Rain" à frente de todos e de cada um que se enerva só por me ver. Precisamos de pessoas assim nesta sociedade, não por enervar os outros mas pelo simples prazer de sentir... sem rédeas.

2 comentários:

Bets disse...

Ah pois é... eu tenho uma sala cheia de talentos... sim, porque este foi escrito pra mim (perdoa a falta de humildade).
Para ti, minha Laura linda, tenho só um comentário: nunca deixes de cantar à chuva... venha o que vier!
Beijo grande

Marta Madureira disse...

A Prof Elisabete mata sempre que faz um comment é bastante engraçado.
Laura o que e que aconteceu ao teu blog?